segunda-feira, 19 de julho de 2010

Deep Purple

Album lançado após a reunião da formação mais clássica do Deep Purple - MK II.

Capa do Album “The Battle Rages On” de 1993

Hoje vamos falar sobre uma das bandas do hard rock que certamente marcou época: a banda inglesa Deep Purple, que tem muitas canções famosas e conhecidas, dentre elas Smoke on The Water, Might Just Take Your Life, Hush, Hey Joe, Perfect Strangers, Black Night, Highway Star, Burn, Child In Time, dentre várias outras.

O nome da banda veio da música predileta da avó do guitarrista Ritchie Blackmore, e a banda lançou seu primeiro álbum em Setembro de 1968 (mesmo mês da formação do Led Zeppelin) – Shades of Deep Purple, que continha regravações de algumas músicas já conhecidas como Help dos Beatles, e a citada anteriormente Hey Joe, de autoria incerta. O sucesso deste primeiro álbum foi tamanho (principalmente devido a faixa Hush) que em dezembro do mesmo ano a banda lançava o segundo disco: The Book of Taliesyn, e acompanharam o Cream de Eric Clapton e companhia em uma turnê pela América. Uma das descobertas do grupo em relação ao seu sucesso é que o nome da banda também era o nome de uma droga que era conhecida principalmente nos Estados Unidos, sendo feita esta associação pelos norte-americanos então.

Em 1969, Blackmore e Jon Lord (então tecladista) estavam preocupados com o futuro da música do Deep Purple. Eles queriam iniciar experimentos com mais efeitos tanto como no teclado quanto na guitarra, mas parecia que o então vocalista, Rod Evans, não acompanharia estas mudanças. Foi aí que entrou Ian Gillan, o mais duradouro dos quatro vocalistas que fizeram parte do Purple durante suas várias formações – além de Evans e do próprio Gillan, ainda temos David Coverdale – que em 1977 fundou o Whitesnake – e Joe Lynn Turner. Das oito formações diferentes do Deep Purple, Ian Gillan esteve presente em 4 delas mais a formação atual, em segundo Coverdale com duas e Evans e Turner com uma cada.

Voltando ao assunto, Ian Gillan entrou para o Deep Purple após uma apresentação que fez e que foi assistida por Blackmore e Lord. Após fazerem um teste com Gillan, a banda passou a ter, digamos, dupla personalidade. Durante o dia tocava com a sua formação original (que era composta por Blackmore, Lord, Evans, Nick Simper – Baixista e Ian Paice – Baterista) e a noite com a segunda formação (que no lugar de Evans e Simper tinha Gillan e Roger Glover – Baixista que era amigo de Gillan e que foi convidado para o tal teste), porém sem que os elementos da primeira formação soubessem da real situação.

A nova formação do Deep Purple talvez tenha sido a que mais ficou conhecida e famosa. No dia 24 de Setembro de 1969, a banda tocou pela primeira vez Child In Time que mostrou a nova face da segunda fase. O primeiro álbum desta formação, o Deep Purple In Rock, foi lançado em Abril de 1970. Este álbum além de ter Child In Time, ainda possuía Black Night em algumas versões, outra música muito conhecida da banda. Vendeu estimadamente algo em torno de 600.000 cópias. 500.000 só nos Estados Unidos.

O segundo álbum da formação Mk II, o Fireball, lançado em Julho de 1971 nos Estados Unidos e no Canada e em Setembro do mesmo ano na Inglaterra e no resto da Europa. Este novo álbum, além de mostrar um Purple mais definido e experimental, introduziu os duelos de voz e guitarra de Gillan e Blackmore – como se vê em versões de Strange Kind of Woman. Só nos EUA vendeu mais de 500.000 cópias.

O próximo disco do Deep Purple talvez é o que tem a história mais pitoresca. A começar pelo fato de que os integrantes queriam gravar um disco baseado em improvisações de palco, sem trabalhar com tanta técnica em cima das faixas. Highway Star e Lazy são resultado disto. Em Dezembro de 1971, a banda encontrou o lugar perfeito para gravar o disco: Montreux, Suíça. O local mais apropriado seria um cassino que existia lá. Porém, o palco ainda não podia ser usado pelo Purple – havia uma apresentação de Frank Zappa para ser terminada e então eles resolveram ir assistir ao show. Mas, lá pelas tantas, alguém colocou fogo no local (hum, acho que sei de que música está falando). Impressionantemente, a calma para sair do local era tanta que Glover afirma ter tido tempo de poder dar uma olhada no sintetizador que Zappa estava usando na ocasião.

O Purple então foi levado até o Grande Hotel de Montreux (que ficava fechado durante o inverno). Eles então colocaram a unidade móvel de gravação dos Rolling Stones do lado de fora do Hotel e foram puxando fios, cabos e toda a parafernália para dentro do hotel, onde foram gravadas as músicas do album Machine Head.

Sobre a faixa, nem precisava dizer que se trata de Smoke On The Water, que traz na letra a narrativa completa dos acontecimentos. Acontece que Blackmore havia criado um riff que ainda não tinha sido usado em nenhuma música. Eles estavam reunidos num bar, e Glover escreveu o nome então num guardanapo, fazendo uma referencia a uma fotografia que tinha saído no jornal local – Fumaça Sobre A Água, em português – e ficou decidido que a letra seria sobre os acontecimentos daquele dia. Gillan até chegou a dizer para Glover: "não vai rolar; parece nome de música sobre drogas, mas nós somos uma banda que bebe".

Em 1972 a fase dois do Deep Purple começou a se diluir. A banda gravou Made In Japan e Who Do We Think We Are. Porém, as coisas começaram a ficar pretas, e a relação entre Blackmore e Gillan já não era das melhores. Resultado: Gillan pediu a demissão da banda e deu o prazo até 73 para os empresários decidirem o que seria feito. A coisa foi andando para trás na segunda viagem ao Japão, quando, depois da apresentação (que teve direito aos parabéns para você no teclado – era aniversário de Paice), Gillan disse que aquele era o último show da banda – e não cantou um verso da Smoke On The Water – “no matter what we get out of this” – não importa o que nos possamos tirar disso – dando a entender que não tinha mais o que se fazer no Deep Purple.

A fase mk. III do Deep Purple começou a ser organizada em 1973. Primeiramente, Blackmore e Lord conseguiram trazer o contrabaixista Glenn Hughes, que atuava no Trapeze. Além de tocar baixo, Hughes ainda cantava, mas, a banda estava decidida a ter dois vocalistas e então decidiu recrutar um vocalista. Segundo o que se conta, o Deep Purple recebia muitas fitas e anúncios de gente querendo participar da banda, até que um dia eles viram a fita de um certo David Coverdale, e, após um teste (que durou seis horas, por volta de Agosto) com algumas músicas, resolveram que ele seria o novo vocalista. Coverdale tinha então 21 anos, era meio gordo e não tinha muitos aspectos para ser o vocalista de uma banda como o Purple. Mas, como diz Tex Willer, não há mal sem remédio, e os empresários da banda trataram de resolver isso: Coverdale tomou alguns medicamentos para melhorar sua aparência.

No dia 9 de Setembro, a banda reuniu-se no castelo de Clearwell por duas semanas, com a finalidade de compor novo material. Coverdale escreveu quatro versões diferentes da música Burn – um grande sucesso do Purple. A gravação foi feita em Montreux novamente, com a mesma unidade móvel de gravação, porém, o álbum de mesmo nome da música citada acima foi lançado só em 74. A nova formação tinha novos métodos de música, mas ainda sim era o Deep Purple que tocava. As atuações dos dois vocais e da guitarra veloz e técnica de Blackmore mostram muito disso.

Ainda em 74, o Deep Purple liderou junto com o Black Sabbath o show California Jam – os vídeos são deste show. Blackmore na ocasião estava meio mau humorado por ter que começar a tocar antes de escurecer e ainda mais cheio de câmeras ao seu redor, resultou na atuação explosiva da banda: O guitarrista gerou 8 mil dólares de prejuízo, dentre amplificadores, guitarras e uma câmera, todos inutilizados. Você pode acompanhar isso em um dos vídeos deste post.

Esta formação durou pouco mais de um ano. Blackmore seria o próximo a cair fora, em 75. Ele já tinha até uma banda pronta para atuar, o Rainbow, e o restante do Purple agora tinha um abacaxi para descascar: Precisava-se de um guitarrista que fosse tão bom e competente quanto Blackmore, e que pudesse ter o mesmo senso criativo que ele.

Aí, com a entrada do primeiro norte americano na banda, Tommy Bolin, para ser guitarrista, foi o começo do fim do Deep Purple. A situação desandou de tal forma que em certos shows, Bolin estava tão drogado que não conseguia tocar, devido ao fato de estar com os braços amortecidos de tanta droga. Já era o segundo guitarrista que ele substituia, mas parece que ele não sabia lidar com isso. Apenas um álbum foi gravado – Come Taste the Band, que até vendeu bem, sendo o único registro de estúdio do guitarrista.

Em Liverpool, 5 de Março de 1976, o Deep Purple estava acabado: Ao final do Show, Coverdale foi falar com Lord que não tinha mais como continuar um Deep Purple, sendo rebatido pelo tecladista que disse que não havia mais um Deep Purple para continuar. Tommy Bolin morreu após uma apresentação, de overdose, alguns meses depois. O Deep Purple ficou estacionado por 8 anos.

Mas, em 1984, uma coisa memorável aconteceria: Era anunciada a reunião do Deep Purple com a sua formação de mais sucesso, a mk.II. O primeiro álbum a ser lançado foi o Perfect Strangers, seguido pelo Nobody Perfect (ao vivo) e The House of The Blue Light – este último não tendo agradado muito. Aí Gillan saiu de novo, e Joe Lynn Turner (que inclusive era pra ter feito uma apresentação aqui em Pato Branco há alguns meses) entrou de vocal – Ele participou do primeiro show do Deep Purple no Brasil. O album The Battle Rages On começou a ser escrito com a sua participação, mas ele foi mandado embora para que Gillan retornasse.

Aí em 1993 o album é lançado e Blackmore vai sair de novo, devido ter desavenças freqüentes com o resto da banda. Aí entrou o conhecido Joe Satriani, mas só para dizer que o Deep Purple não estava sem guitarrista (mais uma vez). Ele saiu dias depois e em seu lugar, entrou Steve Morse, que permanece até hoje. Com a nova formação, é lançado Purpendicularz que retornou com a grande presença dos duelos de guitarra e teclado e mais tarde o Abandon – em 1998. Jon Lord decide sair por causa da sua idade, e Don Airey entra no seu lugar. Don Airey já havia tocado teclado em várias bandas de hard rock – dentre elas o Rainbow (do Blackmore) e o Whitesnake (do Coverdale). Os dois últimos álbuns do Purple foram Bananas em 2003 e Rapture of the Deep em 2005.

 

 Burn – California Jam – 6 de Abril de 1974

Blackmore tinha o costume de testar a resistência e a aerodinâmica das Stratocaster…ao vivo!

O Deep Purple se reuniu já nove vezes no Brasil. A ultima vez foi ano passado, entre os dias dois e sete de março, que passou em Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e São Paulo (SP). Essa é a história do Deep Purple, uma das bandas que mais influencia o rock and roll, o hard rock e o heavy metal (que prestam) até hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou do artigo?
Poste aqui um comentário, é claro que o comentário deve estar de acordo com o tema do artigo!
Grato pela atenção! Equipe do EAE!