sexta-feira, 31 de julho de 2009

Muito Além do Cidadão Kane


Muito Além do Cidadão Kane é um documentário britânico de Simon Hartog produzido em 1993 para o Canal 4 do Reino Unido. Este documentário conte algo que Roberto Marinho não gostaria que fosse espalhado para muitas pessoas. Ele fala sobre a Rede Globo na sociedade brasileira, debatendo a influência do grupo, seu poder e suas relações políticas. O ex-presidente e fundador da Globo Roberto Marinho foi o principal alvo das críticas do documentário, sendo comparado a Charles Foster Kane, personagem criado em 1941 por Orson Welles para Cidadão Kane, um drama de ficção baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos Estados Unidos. Segundo o documentário, a Globo emprega a mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião pública como fazia Kane no filme.

O documentário acompanha o envolvimento e o apoio da Globo à ditadura militar, sua parceria ilegal com o grupo americano Time Warner (naquela época, Time-Life), algumas práticas de manipulação da emissora de Marinho (a ajuda à tentativa de fraude nas eleições fluminenses de 1982 para impedir a vitória de Leonel Brizola, a cobertura do movimento das Diretas-Já, em 1984, quando a Globo noticiou dizendo ser uma festa em comemoração ao aniversário da cidade de São Paulo, e na verdade era um importante comício, e a edição, para o Jornal Nacional, do debate do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 1989, de modo a favorecer o candidato Fernando Collor de Mello, além de uma negociação muito suspeita envolvendo ações da NEC Corporation e contratos governamentais à época em que José Sarney era presidente da República.

O documentário apresenta depoimentos de Chico Buarque, os políticos Leonel Brizola e Antônio Carlos Magalhães, o publicitário Washington Olivetto, o escritor Dias Gomes, os jornalistas Walter Clark, Armando Nogueira e Gabriel Priolli e o atual presidente Luís Inácio Lula da Silva.

O documentário foi transmitido pela primeira vez em Setembro de 1993 no Canal 4 do Reino Unido. A transmissão foi adiada em cerca de um ano, pois a Rede Globo disse que os produtores estavam usando sem permissão pequenos fragmentos de programas da emissora para fins de "observação crítica e de revisão".

Durante este ano de espera, o diretor Simon Hartog morreu depois de ficar muito doente. O processo de edição do documentário foi assumido por seu co-produtor, John Ellis. Quando pôde ser finalmente transmitido, cópias do documentário foram disponibilizadas pelo Canal 4 ao custo de produção. Muitas dessas cópias foram enviadas ao Brasil através da comunidade brasileira que mora na Grã-Bretanha.

A Rede Globo tentou comprar os direitos de exibição do programa no Brasil, pois eles não queriam que seu “querido povo” soubesse de algumas de suas maracutaias. Mas antes de morrer, Hartog tinha feito um acordo com organizações brasileiras para que os direitos de exibição do documentário não caíssem nas mãos da Globo (não contavam com minha astúcia!), a fim de que pudesse ser amplamente conhecido tanto por organizações políticas quanto culturais. A Globo perdeu o interesse em comprar o filme quando os advogados da emissora descobriram isso, mas até hoje uma decisão judicial proíbe a exibição do documentário no Brasil.

Entretanto, muitas cópias ilegais em VHS e DVD do filme vem circulando no país desde então. E também esta disponível na Internet. Contrariando a crença popular, existem sim cópias legais do filme disponíveis no Brasil, mas a maioria em bibliotecas e coleções particulares.

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